O Verdadeiro Espírita

O VERDADEIRO ESPÍRITA

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações.” Allan Kardec (ESE. Cap XVII, 4)

O verdadeiro espírita é aquele que aceita os princípios básicos da Doutrina Espírita. Quando se pergunta ao praticante: Você é espírita? Comumente ele responde: “Estou tentando”. Na verdade, a resposta deveria ser sem hesitação: Sou espírita!!! Quanto ao fato de ser perfeito ou ter qualificação moral é outro assunto, que não exime o profitente de ser incisivo na sua resposta. Nesse ponto, o praticante não tem que hesitar na sua definição, porquanto Allan Kardec foi claro no seu esclarecimento ao afirmar que se reconhece o espírita pelo seu esforço, pela sua transformação, e não pelas suas virtudes ou pretensas qualidades, raras nos habitantes desse Planeta.
O Verdadeiro espírita é aquele que aproveita o ensinamento dado pelos Espíritos, e não quem somente crê nas manifestações espíritas. De nada serve crer, se a crença não o faz dar um passo à frente no caminho do progresso e não o torna melhor para o seu próximo. (Allan Kardec – Máximas Extraídas do ensinamento dos espíritos – Trecho do livro: ‘O Espiritismo em sua mais simples expressão).
“O Espiritismo só reconhece como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos, isto é, que trabalham a sua transformação moral, que é o sinal característico do verdadeiro espírita. Ele não é responsável pelos atos daqueles a quem agrada dizer-se espírita, mais do que a verdadeira ciência pelo charlatanismo dos escamoteadores, que se intitulam professores de física, nem a sã religião pelos abusos cometidos em seu nome.” – Revista Espírita – jan. 1869: ‘O Espiritismo do ponto de vista católico’.
O verdadeiro espírita é, a priori, aquele que não apenas conhece o Espiritismo, mas tenta inserir seus aprendizados no dia a dia em casa com a família, no trabalho com os colegas, na vida social com os amigos e na sociedade com as demais pessoas. É aquele que respeita as leis de Deus e as leis do homem por naturalidade, não por temor. É aquele que traz o amor e a caridade como lemas de norte de sua vida de maneira pura, sem o sentimento de fardo e obrigação.
O Espiritismo  crê no ato de fazer o bem como forma de melhorar o status espiritual: por isso, a caridade é seu maior objetivo. O principal lema da doutrina espírita é “fora da caridade, não há salvação”. Portanto, o verdadeiro espírita está sempre cultivando o sentimento de caridade, de fazer o bem sem esperar nada em troca e, não titubeia a participar de eventos de caridade. Quando testado fora do ambiente religioso e familiar, não hesita em estender a mão àquele que lhe pede ajuda. A caridade para o verdadeiro  espírita é imensa alegria para o coração.
Kardec mostra quem é o homem de bem, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo XVII — “Sede perfeitos”. E quando nos aprofundamos em cada um dos itens desse texto, nós vamos descobrindo tudo aquilo que precisamos aprender e nos esforçar para colocar em prática em nossas vidas, porque esse é o nosso objetivo: um dia sermos o homem de bem.
Kardec começa o texto “Os bons espíritas” dizendo que bem compreendido e, sobretudo, bem sentido, o Espiritismo conduz o indivíduo a tudo aquilo que caracteriza o homem de bem.
Para que se compreenda o Espiritismo (e esse é um ponto importante; Kardec nos coloca: “bem compreendido”) é importante o estudo sistemático, contínuo, disciplinado das obras que ele nos deixou. O Espiritismo não tem nenhuma linguagem escondida, de difícil entendimento, é facilmente compreendido por todo aquele que tenha boa vontade, que não tenha preconceito, que se debruce sobre os textos.
Compreender é ter a clareza conceitual, entender muito bem todas as leis morais, todos os conceitos, todas as leis que regulam as interações dos Espíritos com os homens, ter todos os princípios doutrinários de uma forma clara, dentro da sua própria estrutura! A compreensão é fundamental para que o indivíduo, amparado pela razão, possa saber como comportar-se.
Mas Kardec lembra, não basta compreender; é preciso também sentir! Por isso diz que o Espiritismo, sobretudo quando sentido, leva a que se atinja o estado de homem de bem.
Sentir o Espiritismo significa que a estrutura da alma é tocada profundamente, significa que a alma é atingida pelos conceitos da doutrina; a partir daí não se tem apenas a razão iluminada pela clareza conceitual, mas a ter o desejo, a força de vontade sólida que decorre dos sentimentos daquele que verdadeiramente percebeu, não apenas com a razão, mas com o coração, que deve viver seus ensinamentos, seus princípios, colocando em prática tudo que aprendeu.
Diferentemente das diversas ciências do mundo, em que o indivíduo pode dizer “eu sou físico”, “eu sou biólogo”, “eu sou químico”, ou “eu sou filósofo”, sem nenhum compromisso com a transformação moral, não se pode dizer “eu sou espírita” sem o compromisso da transformação moral.
Por fim, podemos resumir: o verdadeiro  espírita como aquele que  se esforça por amar a Deus, aos ensinamentos de Jesus, à doutrina Espírita  amando ao próximo com a si. Noutras palavras, o que nos torna bons espíritas é colocar em prática a passagem do Evangelho segundo o Espiritismo – capítulo XVII – item 4, que nos aponta o que é o homem de bem.  E também, o caminho que devemos tomar no esforço contínuo, de nos tornarmos, um dia, discípulos do Cristo.

José Carlos Siuves
Colaborador do Grupo Scheilla