A Paz Começa Em Nós

Túlio Andrada almoçava preocupado. Estava em família, mas a cabeça entorpecida no trabalho. Despertou do transe quando o filho Pedrinho derrubou o copo de laranjada.

– Não é possível, menino! Preste mais atenção, seu distraído!

Pedro começou a chorar baixinho, pois já vinha com medo há dias diante da frequente impaciência de seu pai. A esposa ponderou:

– Calma, querido!

– Calma? Você não faz ideia da minha agenda hoje! Não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei esse trabalho…

– Deus vai lhe ajudar, amor!

A doçura da companheira o fez ponderar melhor e lembrar que – no dia seguinte – ele iria fazer uma palestra espírita sobre a paz.

Estudante da Doutrina dos Espíritos desde 2005, Túlio já fazia estudos públicos há quase dez anos. Seu rosto corou…

Sem falar nada, meditou:

– Como ainda me atrevo a ser palestrante espírita? Se não tenho paciência com o meu próprio filho, como posso ter autoridade moral para falar em público? Ainda mais sobre paz? Sou hipócrita, uma fraude…

Uma voz silenciosa respondeu:

– Ora, Andrada, acalme-se!

Se você ainda reage assim em singelos episódios domésticos, conhecendo a Doutrina há vinte anos e palestrando há dez, já pensou como seria sem a orientação semanal de Jesus e Kardec?

A esposa não entendeu quando o marido começou a sorrir, pediu desculpas a Pedrinho e os abraçou carinhosamente. No dia seguinte, a palestra doutrinária começou assim:

– Meus irmãos, não nos enganemos: a paz começa em nós!