A Lenda Da Rosa

A LENDA DA ROSA

1 Dizem que quando a Terra começou
A ser habitação de forças vivas,
Nas telas primitivas,
Tudo passara a ser aprimorado de festa;
As cidades nasceram
Em singelas aldeias na floresta…
A beleza imperava,
O verde resplendia,
Toda a expansão se incluiu e cresceu,
Dando refúgio e proteção
Aos animais,
Do mais fraco ao mais forte…
O progresso ganhou as marcas de alto porte.
2 No campo, as plantas todas
Respiravam felizes,
Da folhagem no vento à calma das raízes;
Era um mundo de belos resplendores,
Adornado de flores,
Com uma estranha exceção.
Tão-somente, o espinheiro,
Era triste e sozinho
Uma espécie de monstro no caminho,
De que ninguém se aproximava,
Todo feito de pontas agressivas,
Recordando punhais de traiçoeiro corte,
Que anunciavam dor e feridas de morte.
3 De tanto padecer desprezo e solidão,
Um dia, o espinheiral
Fitou o Azul Imenso e disse em oração:
– Senhor, que fiz de mal
Para ser espancado e escarnecido,
Todos me evitam cautelosamente
Como se eu não devesse haver nascido…
4 Compadece-te, oh! Pai, da penúria que trago,
Terei culpa das garras que me deste?
Acendes astros mil para a noite celeste,
Vestes a madrugada em mantilha vermelha,
Dás lã para as ovelhas,
Inteligência aos cães, cântico às aves,
Estendeste no chão a segurança das fontes
Que deslizam suaves
Na força universal com que desdobrados,
A amplitude sem fim dos horizontes,
Em cujo místico esplendor
Falas de majestade, paz e amor…

5
Não me abandones, Pai, às pedras dos caminhos,
Se eu puder, não desejo,
ofereça somente espinhos…
Quero servir-te à obra, aspiro a ser perfume,
Inspiração e cor, harmonia e beleza,
Para falar de ti nas leis da Natureza.

6
Dizem que Deus escolheu o preço inesperado
E notando a humildade e a contrição do espinheiral,
Mandou que, à noite, o orvalho lhe trouxesse
Um prodígio imortal.
Na manhã seguinte, logo após a alvorada,
Por entre exalações maravilhosas,
O homem descoberto, de alma encantada,
Que Deus para mostrar-se o Pai e o Companheiro,
Atendendo a oração pusera no espinheiro
A primeira das rosas.
Maria Dolores (Do livro Maria Dolores – Médium Francisco Cândico Xavier – Ed. Ideal)

Maria Dolores, nasceu na cidade de Bonfim de Feira – BA, no dia 10 de Setembro de 1900. Foi colaboradora da obra de Divaldo Pereira Franco: em 15 de agosto de 1952, foi fundada a Mansão do Caminho, sendo que algumas das primeiras louças e talheres foram por ela doadas, além de trabalhar voluntariamente na instituição. Depois de desencarnada a poetisa começou a transmitir lindos poemas do mundo espiritual, através de médiuns como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco. 180 mil exemplares vendidos. Trazia em si, um grande sentido maternal e, como não lhe foi dado o direito da maternidade, adotou 6 meninas. Chico Xavier – Mediunidade e Ação – Editora IDEAL 1990)